Pela sua extraordinária dimensão, o cargo de presidente do Senado deveria sempre ser como uma espécie de prêmio, reconhecendo e contemplando os méritos de políticos com inquestionável grandes contribuições ao desenvolvimento do País e ao aperfeiçoamento da democracia. O Senado já premiou José Sarney duas vezes, conferindo-lhe a função, entre 1995 e 1997 e entre 2003 e 2005. Pode agora premiá-lo de novo. Absoluta inversão de valores.
O senador Sarney foi presidente na transição democrática, mas ele estava então até pouco do lado do regime militar, presidindo o partido oficial e articulando a derrota da proposta das Diretas-Já. Quando começou a fazer água na embarcação da ditadura, aí ele saltou para o bote dos que enfrentavam, com coragem, a redemocratização.
Tornou-se presidente por uma armadilha do destino, a morte de Tancredo Neves, e realizou uma administração com retumbantes fracassos na área econômica, os Planos Cruzado, Cruzado 2, Plano Bresser e Plano Verão. O Brasil esbanjou moedas em cinco anos: cruzeiro, cruzado, cruzado novo, cruzeiro e novo cruzeiro.
Terminou com uma inflação de 84% ao mês. Forçou mais um ano de mandato e conseguiu, mas no final seu governo estava com reputação zero. Tanto foi assim que Fernando Collor acabaria superando candidatos muito mais qualificados atacando a administração Sarney com fúria.
O governo Sarney adotou o slogan de “tudo pelo social”, mas o seu período não trouxe progresso neste campo. Assim como também no Estado de seu domínio, há décadas, o Maranhão. Trata-se do Estado que está em último lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).