O jovem Winston Churchill lutou na segunda guerra dos Boêres, travada no sul da África entre 1898 e 2002. Tempos depois, investido no poderoso cargo de primeiro-ministro da Inglaterra, estava conversando com um grupo quando se aproximou um bajulador. “Pois é, senhor primeiro-ministro, o senhor já foi herói de guerra, não é? Como se sentia no meio da luta?” Percebendo a intenção de adular, Churchill respondeu: “Sentia uma vontade louca de sair correndo e fugir.”
Winston Churchill foi um estadista modelo e político exemplar. Por isto não se dava com os aduladores, como deveriam fazer todos os políticos. Aceitar bajulação é de algum modo assumir a embriaguez do poder. Menciono um outro exemplo. Um antigo e zeloso diplomata italiano havia retornado de uma conferência sobre armas químicas, em Genebra, e foi relatar sua missão a Benito Mussolini, que estava embriagado pelo poder. O diplomata foi recebido com certo desdém e notou que Mussolini estava rodeado de bajuladores. O ditador perguntou-lhe: “Qual a arma química que o senhor acha mais perigosa?” Resposta do diplomata: “Acho, senhor, que é o gás do incenso.”
Nem quando prefeito de Belo Horizonte, nem como governador de Minas e nem como presidente da República, Juscelino Kubitschek se deixou bajular. Era cordial, mas muito franco e exigente com os auxiliares. Tornou-se consensualmente reconhecido como o melhor de todos os presidentes do Brasil.
Muito diferentemente, para ficarmos com apenas um exemplo se contrapondo ao de JK, Fernando Collor rendia-se abertamente ao jogo dos bajuladores, entre eles um cuja má conduta contribuiu muito para afundar esse ex-presidente.
E não custa lembrar que a rainha Maria Antonieta, que se deslumbrava tanto com o poder e cultivava a bajulação, terminou seus dias com o pescoço na guilhotina.