domingo, 12 de julho de 2009

O pecado da comparação

O norte-riograndense Luiz da Câmara Cascudo, que foi um dos brasileiros mais sábios de sua geração, não gostava das comparações. “Em verdade vos digo que a comparação é o oitavo pecado mortal”, assinalou ele, em uma crônica. E mencionou muitos exemplos, como estes três que transcrevo a seguir:

1- “Duas coisas iguais e uma terceira são iguais entre si. Pode ser coisa abstrata, convencional, número, risco. Materialmente nada é igual entre si. Nem duas gotas de sangue, nem duas folhas da mesma árvore, nem dois fios do mesmo cabelo. Diferenciam-se formal e forçosamente.”

2- “Comparar-se uma civilização com outra, um país com outro, é tentar medir um cataclismo. As ondas do mar são idênticas em substância, mas nenhuma repete a forma anterior.”

2 - “No grupo humano a diversidade é infinita e descobriram que no próprio indivíduo não há dois momentos num dia em que ele esteja igual, isto é, semelhante psico e fisiologicamente ao que estava dez ou vinte horas antes.”