Chega a ser até curiosa a situação partidária no Brasil: quase 30 legendas, mas na verdade apenas cinco delas são verdadeiramente protagonistas do processo político. Ou seja: teoricamente, partido demais, na prática, partido de menos.
O crescimento exacerbado das legendas partidárias permitiu que se formassem, à sombra de uma proposta liberal, muitas legendas desprovidas de conteúdo, que na prática se tornaram verdadeiros partidos de aluguel ou biombos apenas de interesses restritos, de alguns indivíduos ou grupos. São partidos sem alcance, sem compromisso com ideário ou com os interesses coletivos.
Partido político não pode ter dono, assim como não pode ficar a reboque de interesses escusos ou se tornar legenda de aluguel no curso dos processos eleitorais. Partidos políticos são formações que agrupam pessoas que buscam influência verdadeira na gestão dos assuntos públicos. São agregadores de interesses coletivos e tendências de segmentos da sociedade e não uma fachada para negócios.
A democracia brasileira precisa dos partidos mais médios do que pequenos ajudando a formar o equilíbrio do espectro partidário, mais ou menos como as opções do período entre a democratização de 1946 e o golpe militar de 1964, quanto no processo entravam dois partidos fortes, PSD e UDN, e alguns médios, como PTB, PSP e PDC. Talvez algo como cerca de 15 siglas partidárias formando o espectro partidário, todas elas com alguma estrutura e programas que efetivamente sejam cumpridos e funcionem como mandamentos para os militantes de cada legenda.