Décadas atrás, os agostos eram temidos pelos brasileiros, pois havia forte associação desse mês com crises políticas, das quais são principais exemplos a turbulência de agosto de 1954, que levou o presidente Getúlio Vargas ao suicídio, e a tempestade desencadeada pela renúncia do presidente Jânio Quadros, em 1961. Em 1969, agosto estava no fim quando o então presidente Costa e Silva recebeu em audiência o então governador de Goiás, Otávio Lage.
No início da conversa, Costa e Silva chamou a atenção de Otávio: “Governador, o senhor está um pouco gordo, tome cuidado. Função como a nossa, de governar, nos amarra em uma vida sedentária, isso não é nada bom para a saúde”. Pois não se passaram mais do que cinco minutos na sequência da conversa e Otávio percebeu que Costa e Silva não atinava para mais nada.
Chamou os assessores do gabinete presidencial, os quais avisaram os médicos. Costa e Silva estava sofrendo um acidente vascular cerebral muito sério e não mais se recuperou, morrendo três meses depois.
Os militares negaram-se a dar posse ao vice-presidente, Pedro Aleixo, que era civil. Uma Junta Militar passou a governar e endureceu o regime. Quanto ao próprio Otávio, viveu ainda mais 37 anos, após aquela audiência, sem nunca ter se aposentado, e só viria a morrer, aos 81 anos, em decorrência de um acidente rodoviário, exatamente quando, ele próprio conduzindo o veículo que o transportava, ia para o trabalho, o comando da Usina Jalles Machado, no município de Goianésia.