sábado, 13 de junho de 2009

Eleições no Uruguai - um bom exemplo de democracia

Propostas como a de uma terceira reeleição presidencial no Brasil, inspiradas no continuísmo de Hugo Chávez na Venezuela, agridem os princípios democráticos. Nada mais insensato do que este mau exemplo. Pelo contrário, há um bom exemplo ao Sul, que são os procedimentos democráticos do Uruguai, onde está em curso a pré-campanha para a eleição presidencial de 31 de outubro próximo.

O atual presidente, Tabaré Vasquez, médico especializado em oncologia, 69 anos, tem longa militância socialista. Verdadeiramente socialista, não pseudossocialista como Chávez. Ao contrário do presidente venezuelano, Tabaré Vasquez não cultiva o continuísmo e nem pratica demagogia. No ano passado, ele não permitiu um movimento para emendar a Constituição uruguaia e permitir a possibilidade de ser reeleito. Não admitiu, pois, o casuísmo.

O mandato presidencial no Uruguai é de cinco anos, que vem a ser uma duração ideal, poderia até ser adotada futuramente no Brasil, junto com a revogação da possibilidade reeleitoreira. Tabaré Vásquez pertence a uma coligação, denominada Frente Ampla (Frente Amplio, em espanhol, pois a palavra frente tem dois gêneros, masculino neste caso, e feminino para designar a parte do corpo que em português se chama de testa que, no final deste mês, realiza uma prévia para escolher o candidato.

Os dois candidatos mais fortes nessa prévia são o senador José (Pepe) Mujica, de 74 anos, ex-guerrilheiro tupamaro, preso durante quase 14 anos durante a ditadura militar implantada em 1973, quando havia clima antidemocrática no Cone Sul, com ditaduras no Brasil, na Argentina e no Chile e o também senador Danilo Astori.

Outra grande diferença entre Uruguai e Venezuela são os indicadores econômicos e, principalmente, sociais. No item Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), por exemplo, o Uruguai escala 0,859 acima do Brasil, com 0,807, e a Venezuela com apenas 0,826. Não obstante os petrodólares, a Venezuela tem pífia renda per capita, de apenas US $ 2.150, enquanto a do Uruguai atinge US$ 10.700, acima do Brasil, US$ 8.294.

A expectativa de vida no Uruguai é de 76,4 anos, no Brasil 72,4 e na Venezuela 70 para homens, 76 para mulheres. A taxa de alfabetização é apreciável: 96,8%, vale dizer, apenas 3,2% de analfabetos.