Contraditório o raciocínio do presidente Lula, exposto na reunião com os senadores do PT, de que poderia a instituição padecer crise de conseqüências imprevisíveis se José Sarney sair da presidência. Pois não é a presença dele no comando da Mesa Diretora o principal fator da crise?
Carnegão é um termo feio, pois se associa a dor, pus e tecido necrosado. Mas aqui vale para uma comparação: furúnculos não se curam e não se cicatrizam sem se extirpar o carnegão.
No caso do Senado, José Sarney é como o carnegão. Sem removê-lo, não se aliviará a crise, pelo contrário, ela continuará se agravando.
Não parece ser nada bom também para o relacionamento entre os Poderes esta interferência do chefe do Executivo numa questão que diz respeito ao Senado. Não se vê isso em democracias fortes, nas quais se respeitam mutuamente os Poderes Executivo e Legislativo.